E ae pessoal! Beleza?
Conforme prometido, hoje vou contar um pouco de como me
tornei um endividado.
Acho que esse será o ultimo post biográfico.
A partir do próximo eu já quero começar a falar sobre os
investimentos e amortização de dívidas.
Então vamos lá...
Após eu me tornar um programador como eu queria, comecei a
ganhar mais e minha família (pais e irmão) começou a sugerir a compra de um
carro. Eu vivia pegando o carro dos meus pais emprestado para sair com a
namorada e isso acabava gerando um problema de mobilidade para eles.
Como eu não queria financiar um carro, acabei fazendo um
consórcio (PRIMEIRO ERRO) no valor de uns R$ 38.000,00 em 60 parcelas, no valor
de uns R$ 750,00 se não me engano.
Após uns 6 meses pagando, acabei mudando de emprego para a
empresa que trabalho hoje, mas continuei pagando normalmente.
No ultimo post eu falei que tive uma redução 50% do salário
quando mudei de emprego, então, nesse momento a minha renda líquida era de
aproximadamente R$ 2.000,00.
Após mais 6 meses eu queria muito comprar um carro, pois
agora o meu irmão também pegava o carro dos meus pais emprestado para sair com
a namorada dele e só um carro em casa estava realmente inviável.
Como eu não tinha a grana para dar o lance, fiz um empréstimo
(SEGUNDO ERRO) de 10.000,00 com juros bem menores que o financiamento de um
carro, mas na época a prestação ficou na casa de uns R$ 250,00.
Utilizei os R$ 10.000,00 do empréstimo + 5.000,00 da própria
carta de crédito e dei um lance de R$ 15.000,00.
Fui contemplado e finalmente comprei o carro. Um carro popular
1.0 zero KM (TERCEIRO ERRO).
Ou seja, agora eu tinha R$ 750,00 do consórcio + R$ 250,00
do empréstimo.
Para quem tinha uma renda de R$ 2.000,00, isso já
representava 50% da renda.
Já com o carro descobri que existiam custos que eu não havia
contabilizado (QUARTO ERRO), como Revisão, Combustível, IPVA, Estacionamento,
Seguro, etc.
Tudo isso já comprometia em média mais uns R$ 400,00 da
minha renda.
Agora já eram R$ 750,00 + R$ 250,00 + R$ 400,00 = R$ 1.400,00.
70% da minha renda já estava comprometida apenas com o
carro.
Fiquei nessa por mais ou menos uns 6 meses até que fui
promovido na empresa pela primeira vez.
Minha renda líquida iria subir de R$ 2.000,00 para R$
3.000,00.
Duas semanas depois, passeando pela cidade, vi um lançamento
de um empreendimento imobiliário. Era um condomínio diferente de tudo que
existia aqui no meu bairro.
Eu morei a minha vida toda em um apartamento pequeno, de 2
quartos. Nesse apartamento viviam 4 pessoas (meus pais, meu irmão e eu) e no
condomínio não havia nenhuma área de lazer, mas isso nunca foi problema pra
mim.
Mas de repente eu vi a possibilidade de comprar um
apartamento muito maior, em um condomínio muito melhor, com uma área de lazer
gigante, tendo piscina, academia, vários salões de festas, sauna, cinema, etc.
Fiquei tentado, pois eu teria em pouco tempo um patrimônio
muito superior ao que os meus pais construíram em uma vida toda de trabalho
(QUINTO ERRO).
A negociação era simples, R$ 10.000,00 de entrada + R$ 500,00
de parcelas mensais + R$ 2.000,00 de parcelas semestrais até a entrega do
empreendimento, quando eu teria que financiar o saldo devedor
O valor total na época era de R$ 200.000,00.
Eu não tinha os R$ 10.000,00 da entrada, então fui lá no
banco renovei o empréstimo e peguei mais R$ 10.000,00 e a prestação que era de
R$ 250,00 passou para uns R$ 400,00.
Agora eu tinha R$ 750,00 (consórcio) + R$ 400,00
(empréstimo) + R$ 400,00 (Despesas do carro) + R$ 500,00 (Apartamento) + R$
350,00 que eu tinha que juntar mensalmente para pagar a parcela semestral do
apartamento, o que gera um total de R$ 2.400,00.
Nesse momento 80% da minha nova renda já estava
comprometida.
Alguns meses depois fui assaltado junto com minha namorada e
me roubaram o carro.
A sorte é que eu tinha seguro.
A seguradora quitou o consorcio e me pagou a diferença em
dinheiro.
Mas olha só, eu paguei aproximadamente R$ 33.000,00 no
carro, mas quando fui roubado o preço dele na tabela FIPE estava em uns R$
25.000,00.
E eu ainda devia uns R$ 5.000,00 para o consórcio.
Resultado, a seguradora me deu aproximadamente R$ 20.000,00.
Eu poderia ter feito uma série de coisas com esses R$
20.000,00, inclusive pagar boa parte das dívidas e começar a remar novamente.
Mas se eu tivesse feito isso, eu não seria o endividado de hoje.
Então eu peguei esses R$ 20.000,00 eu fui comprar um carro
novo.
Eu poderia ter comprado um carro popular 1.0 usado
dessa vez e ficado com o carro e sem prestações. Mas como eu já disse, se eu
fizesse isso eu não seria o endividado.
Então fui até a concessionária e comprei um carro 0KM
novamente. Mas dessa vez eu não comprei um carro popular. Comprei um hatch médio
esportivo 2.0 com bancos de couro e tudo mais que tinha direito.
Dei os R$ 20.000,00 de entrada e financiei o restante em 60
vezes de quase R$ 1.000,00.
Na época o único cálculo que eu fiz foi o seguinte: Já que eu
pago R$ 750,00 pra andar de carro popular sem ar, eu posso pagar R$ 1.000,00 pra
andar com muito mais conforto e segurança (SEXTO ERRO).
Nem preciso falar que os custos com o carro subiram de R$
400,00 para pelo menos uns R$ 600,00.
Agora estamos assim: R$ 1.000,00 (carro) + R$ 400,00
(empréstimo) + R$ 600,00 (custo carro) +
R$ 600,00 (apartamento com reajuste pelo IGMP) + R$ 450,00 (semestral com
reajuste pelo IGMP), totalizando uns R$ 3.050,00 de custo fixo por mês.
E eu já estava com a renda 100% comprometida.
A minha sorte é que uns dois meses depois que eu comprei o
carro novo surgiu mais uma oportunidade no trabalho e a minha renda liquida
mensal passou para uns R$ 4.000,00.
Então a minha renda comprometida ficou pouco abaixo de 80%.
Com o passar do tempo, o momento de receber o apartamento
estava se aproximando e eu comecei a pesquisar sobre armários planejados.
Acabei comprando os armários 1 ano antes da data prevista
para entrega do apartamento (SÉTIMO ERRO).
Caí na conversa do vendedor que seria melhor comprar agora,
pois compraria com o preço atual e lá na frente, quando o preço estivesse mais
caro eu já teria pago tudo.
Lembro que a prestação ficou em R$ 1.200,00 mas eu pagaria
R$ 600,00 e minha na namorada que na época já era noiva iria pagar os outros R$
600,00.
Contabilizando: R$ 1.000,00 (carro) + R$ 400,00 (empréstimo)
+ R$ 600,00 (custo carro) + R$ 600,00
(apartamento) + R$ 450,00 (aporte para prestação semestral) + R$ 600,00 (armários
planejados) = R$ 3.650,00.
A renda comprometida já passava dos 90%.
Um ano depois, a construtora atrasou a entrega do
apartamento e os armários ainda estavam sendo pagos, mas ao olhar o projeto
novamente, resolvemos fazer mais algumas alterações. As alterações geraram mais
um custo e tivemos que bancar uma prestação adicional de R$ 400,00 (OITAVO
ERRO).
Porém nesse mesmo período surgiu uma nova oportunidade no
trabalho e eu fui promovido novamente, agora com uma renda líquida de R$
5.000,00.
Então para fechar ficamos assim: R$ 1.000,00 (carro) + R$ 400,00 (empréstimo) +
R$ 600,00 (custo carro) + R$ 600,00
(apartamento) + R$ 450,00 (aporte para prestação semestral) + R$ 1000,00
(armários planejados) = R$ 4.050,00.
Renda comprometida ainda era superior a 80%.
Uns 6 meses se passaram e a construtora entregou o
apartamento, mas tinha um problema... Como eu não havia gostado do acabamento
dos materiais quando eu fui visitar a obra há uns meses, eu solicitei que a
minha unidade viesse totalmente sem acabamento e eu faria do meu gosto.
No acordo eu receberia todo o material do acabamento sem instalação e eu
poderia fazer o que quisesse dele.
Então eu tive que reformar o apartamento inteiro.
Pedreiro, pintor, eletricista, porcelanato, tinta, gesso,
iluminação, mármores e granitos, etc.
Resultado, tive que fazer empréstimo para pagar pelos
serviços: Pedreiro, Eletricista, Pintor, Gesseiro, Vidraçaria, etc.
E me endividei fodamente no cartão de crédito para comprar
os materiais.
Aqui eu já havia perdido as contas, já não sabia quanto eu
devia, trabalhava só para pagar dívidas e nem conseguia pagar todas.
Daí pra frente o negócio só piorou.
Fui promovido mais uma vez, mas isso não aliviou em muita
coisa, pois a minha situação já estava completamente arrasada.
E eu vim empurrando essa situação até alguns meses atrás,
quando resolvi dar um basta nessa vida de pagar juros.
Como eu já devia uns 20.000 em cartão de crédito, uns
10.000,00 em cheque especial, 50.000,00 em empréstimos e mais um monte de
prestações, fiz o seguinte:
Fiz um novo empréstimo no valor de uns R$ 80.000,00.
Paguei os 20.000 do catão de crédito, os R$ 10.000 do cheque
especial e 40.000 de vários empréstimos e também quitei uma série de outras
prestações.
Com isso comecei a respirar e o meu salário começou a dar
para pagar todas as contas.
Mas 100% da renda ainda estava comprometida.
Então fiz o seguinte, utilizei o meu FGTS que não rende nada
parado lá, e reduzi a prestação do meu apartamento em 80%. Sei que essa não é a
melhor forma de utilizar o FGTS em um financiamento imobiliário, mas fiz isso
por um motivo, com a grana que sobrasse eu gostaria de começar os meus
investimentos.
Então resumindo, agora sobram R$ 1.000,00 do meu salário
todo mês e eu pretendo aportar 100% desse dinheiro todo mês.
A medida que o tempo for passando, mais dívidas serão
quitadas e os aportes aumentarão.
O meu objetivo agora é conseguir juntar R$ 80.000,00 para
quitar esse meu ultimo empréstimo.
Desde que comecei com essa estratégia (3 meses) já acumulei
pouco mais de R$ 8.000,00, pois coloquei boa parte do meu 13º salário lá também.
Então agora estou com foco total nos R$ 80.000,00.
Vou começar a preencher a planilha de acompanhamento da carteira
para que eu possa começar a participar do ranking do pobretão.
Mas hoje minhas aplicações estão dividas em Tesouro Direto,
Fundo DI, Poupança e Ações.
A poupança eu deixo como capital de giro caso eu tenha
alguma emergência.
E as Ações, na verdade eu comprei apenas um lote 100 para
começar a aprender como funciona o mercado.
UFA!!!!
Pensei que nunca terminaria essa história de derrota minha.
A partir de agora, nesse blog só vamos falar sobre finanças.
Até a próxima então.